sexta-feira, julho 15, 2005

As greves das Sextas-Feiras

Não há muito tempo, dizíamos aqui que, “salvo raras excepções, em Portugal só há greves no sector público e as suas consequências vão direitas ao bolso de cada cidadão e não dos capitalistas”.

A rotineira facilidade com que se fazem greves no sector público não dignifica quem as faz. As razões que invocam são cada vez mais ilegítimas, como sucede na greve de hoje.

Uma das reivindicações é a luta contra a privatização de serviços. Porém, a avaliar pelo lixo que ficou por recolher nos municípios onde essa actividade ainda não foi contratada a entidades privadas, esta greve só vem dar razão aos que já têm este serviço em outsourcing.

Para além de querem reformar-se aos 60 anos, enquanto os restantes trabalhadores só o podem fazer aos 65, os funcionários públicos também não querem abdicar da progressão automática das suas carreiras e, naturalmente, estão contra o sistema de avaliação.

Tem lógica. De facto, para quem é promovido automaticamente sem precisar de se esforçar, é desnecessário um sistema de avaliação...

Numa outra onda, mas ainda no sector público, os polícias ameaçam bloquear as pontes de Lisboa.
Depois das cenas grotescas das últimas manifestações das forças de segurança, esta boutade não surpreende. Mas, que legitimidade teria a polícia para intervir, se outra classe profissional se lembrasse de boicotar uma ponte ou uma auto-estrada?

Face a estes comportamentos, é natural a revolta dos cidadãos que cada vez compreendem menos as motivações dos que têm a obrigação de estar ao seu serviço.


P.S.: Com poucas excepções, na blogosfera não se dá por esta greve. Tacticismo?

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