quinta-feira, junho 02, 2005

Um beco sem saída

Quando, depois do Não francês, afirmei que, tal como a conhecíamos, a União Europeia tinha acabado e ninguém sabia o que se ia passar, os comentadores que enriquecem este blogue não me acompanharam.

Não me agrada ter razão neste caso, mas a provável decisão do Reúno Unido de suspender, sine die, o referendo sobre a constituição europeia, confirma as piores previsões.

O Ministro dos Estrangeiros britânico foi mais longe ao afirmar que as rejeições em França e na Holanda «levantam questões sérias sobre a direcção que a União Europeia deve tomar».

2 Comentários:

Às 03/06/05, 01:10 , Anonymous Anónimo disse...

A questão é tão vasta – e a ocorrência (o não) tão recente – que seria pretensioso, da minha parte, tentar abordá-la aqui, em linguagem sintética e espontânea como é de regra. No entanto, penso não “asneirar” por aí fora se disser que, se a Europa não progrediu, também não recuou. O tratado de Nice é válido até 2009! Porque carga de água não há-de a comunidade continuar a funcionar, pelo menos até lá, nos moldes em que funcionou até aqui? Os ingleses querem suspender o processo ? Deixá-los fazer! Não é isso que vai mudar o que quer que seja, já que a constituição não poderá ser adoptada enquanto não for ratificada pelos 25. E quem pode afirmar que, entretanto, a questão da construção política não vai evoluir?
Continuo a pensar que, em França, a acção do governo Raffarin contribuiu muito mais para o “não” do que os grupos xenófobos que por aqui chafurdam, os quais, em boa verdade, têm pouco peso no panorama político. Mas, acima desta razão há uma outra que não podemos esquecer e que, essa sim, deve ter sido a mais determinante: - é que o eleitorado não percebeu patavina do texto sobre o qual foi chamado a votar (texto que não está ao alcance do cidadão comum) e, nem os defensores do “sim” nem os do “não” foram capazes de tapar tal buraco. Ora, nem uma nem outra destas razões significam que os que votaram “não” são contra a Europa. E o fenómeno, na Holanda, cujo governo actual não pode ser mais impopular, não deve ser muito diferente.

 
Às 03/06/05, 10:24 , Blogger j disse...

Não é por aí que se alimenta algum pessimismo da minha parte. Poderemos discutir isto, mais tarde.
Para já, apesar dos "nãos" já manifestados e dos que ainda aí virão, continuo a pensar que a UE poderá muito bem continuar a funcionar como até aqui. Mal, ou mesnos bem, é certo, mas a funcionar.
Julgo que o actual fenómeno do "não" tem muito mais que se lhe diga do que a directa recusa dum "texto"... Na verdade, dá que pensar que os povos utilizem um referendo sobre a Europa para rejeitar tão claramente as políticas, os políticos e os governos que elegeram!!! Acho até que valeria a pena pensarmos todos um pouco nisto, porque as justificações talvez nos possam conduzir bem longe...
(jcm)

 

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial