quarta-feira, abril 20, 2005

Joseph Ratzinger (Bento XVI)


Diz que nunca disparou um tiro, embora tenha integrado a unidade antiaérea que defendeu as fábricas da BMW em Munique, na Segunda Guerra Mundial. Desertou do exército alemão em Abril de 1944 e acabou a guerra num campo de prisioneiros controlado pelos americanos. Sessenta anos depois é eleito Papa.

A primeira vista lembra-me Pio XII. A mesma figura esquálida, o mesmo olhar inquisidor que não põe ninguém à-vontade.

Como decano, impôs o silêncio aos outros cardeais mesmo antes do conclave. Só ele falou, para zurzir nas teorias do relativismo, como compete a um dogmático.

Durante 23 anos à frente da Congregação para a Defesa da Fé, nome demasiado eufemístico para uma instituição que descende directamente do Santo Oficio e da mais remota Inquisição, não queimou ninguém, mas condenou ao ostracismo mais de uma centena de teólogos.

Os prosélitos consideram-no culto, sólido e inflexível. "O mais inteligente ao cimo da terra", no entender dos mais fundamentalistas. Um clube de fans fez campanha por ele.

A duração do curto conclave indicia que não ouve debate. Não seria o primeiro golpe palaciano na Santa Sé. A morte de João Paulo I ainda está por esclarecer.

(Fontes: El Pais, Le Monde, Guardian)

1 Comentários:

Às 20/04/05, 15:25 , Blogger j disse...

Dizem que só não se chama Pio XIII por... superstição!!!
É verdade que muitos outros nos enganaram, ao ser eleitos. Porém, o mundo chegou ao século XXI mais dividido que nunca: entre ricos e pobres, fundamentalistas e moderados, tolerantes e intolerantes... A Igreja, como todas as outras instituições, devia servir o Homem e não os princípios. Estes devem existir como fundamento da Vida e do Homem, e não como fonte de que se alimentem injustiças e desigualdades. Se, para a sua defesa é preciso "rearmar" qualquer inquisição, é porque deixaram de estar ao serviço do Homem.
"Pobres sempre os terei convosco...". Mas parece que, neste caso, as palavras não deixaram ainda de ser interpretadas à letra.
Quanto ao resto, são meros episódios na vida de qualquer homem: ser alemão, soldado nazi, prisioneiro, culto, inteligente são simples "apêndices" no passado-presente de muitos outros homens...
Quanto à teoria do golpe, acho que ele só existe quando há condições para haver divergências...
Aguardemos. Tenhamos fé. Que a esperança nos não abandone.
(jcm)

 

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