sexta-feira, abril 22, 2005

As virtudes do Recibo Verde

Não há muito tempo, era um distintivo de classe, usado por advogados, médicos e outros profissionais de consultório montado. Com o avanço da fiscalidade das pessoas singulares e o relaxado controlo sobre as sociedades, os médicos continuaram nos mesmos consultórios, mas passam recibos de entidades que os doentes nem conhecem. Os raros advogados que ainda não se converteram às sociedades são uma espécie em vias de extinção.

Apesar destes contratempos, e embora as profissões liberais sejam mais ou menos as mesmas, o recibo verde sobreviveu e massificou-se. Nada mais democrático do que alargar a toda a população as vantagens de um meio até aí restrito a uma elite encanudada, terão pensado os fiscalistas.

Hoje ele é a expressão do desenrasca, o passepartout, tão característico dos portugueses. Se uma empresa precisa de uma telefonista, nada mais prático do que contratar a recibo verde uma profissional, “liberal, autónoma e independente”, para atender o telefone por conta própria no escritório da empresa das 9 às 5, ou até mais tarde, se os caprichos do patrão, a flexibilidade, o mercado, ou a desorganização assim o exigirem.
Simples prestação de serviço, e não há chatices com a Segurança Social.
É o liberalismo à portuguesa.
Ainda falam da China…

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